quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Resenha: A Riqueza das Nações (Adam Smith)


Adam Smith mostra como o interesse privado é fundamental para a prosperidade econômica

Adam Smith

Nascido em 1723, na Escócia, Adam Smith alteraria a compreensão e o rumo da Ciência Econômica no ano de 1776 com a publicação de Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, ou simplesmente – e mais popularmente conhecido – Riqueza das nações. 
Smith foi um dos pioneiros a mostrar as contradições do sistema mercantilista, o qual propunha limitar as importações e incentivar as exportações, com o objetivo de aumentar ao máximo o influxo de ouro e prata e reter a saída desses metais. Conflitos entre países foram justificados com base nessa teoria. O escocês desferiu golpes que se mostraram mortais sobre essas máximas: “todas as cidades e todos os países enriqueceram à medida que abriram seus portos a todas as nações – em vez de se arruinarem por esse livre comércio”.
A divisão do trabalho foi enunciada como sendo um dos principais fatores para o aumento da prosperidade das nações. Por meio dela, o trabalho passou a ser cada vez mais especializado e concentrado em pequenas tarefas, permitindo o aumento da produtividade da mão-de-obra e da produção. Inerente a esse processo estava a defesa da liberdade econômica tanto para empresários quanto para trabalhadores.
No caso dos primeiros, conforme os empresários pudessem deslocar os capitais para os locais com maior rendimento, e os trabalhadores tivessem mobilidade para buscar os salários mais atraentes, o resultado seria a ascensão de empresas mais produtivas que conseguiriam atender de forma mais eficaz o desejo dos consumidores – fomentando e difundindo a divisão do trabalho e evidenciando a interconexão entre liberdade e produtividade. Dessa forma, quanto menores as amarras ao processo produtivo e à mobilidade de mão de obra, tanto melhor para a nação e para o bem estar geral.
Assim, surge a famosa mão invisível, metáfora para descrever a busca individual por melhores condições de vida; rendimento do capital no caso dos empresários e remuneração do trabalho no tocante aos assalariados. A harmonia entre esses interesses resultaria no direcionamento do interesse privado em atender ao interesse social: “[n]ão é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter”.
Dessa forma, para a economia evoluir, Smith argumentava que o Estado deveria possuir funções limitadas, pouco intervencionistas na esfera produtiva. O livro destaca a sua tarefa em garantir o Estado de direito, o cumprimento dos contratos, a proteção à propriedade privada e aos direitos individuais e a realização de obras nas quais os setor privado não realizaria, como praças públicas. A tributação deveria ser leve e não prejudicial aos negócios – conferindo apenas o necessário para a sobrevivência do aparato público. 
Smith influenciou economistas de destaque na luta contra o mercantilismo nos séculos XVIII e XIX, como David Ricardo e Jean-Baptiste Say (resenhas de Ricardo e de Say estão aqui aqui), continuou exercendo influência no século XX, agora não contra o mercantilismo, mas contra o socialismo, amparado por nomes como Milton Friedman e Hayek. Atualmente no século XXI ainda influencia economistas de diferentes correntes, e tudo indica que assim continuará sendo nos próximos anos.

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