Decisões tomadas de forma equivocada podem piorar ainda mais o futuro do país
A revista The Economist apresentou texto no qual mostra 10 tendências que testemunharemos no próximo ano. A maioria delas se trata do conflito latente entre os Estados Unidos e a China. Afirma-se que mesmo com a troca de presidência norte-americana, as tensões entre os dois gigantes continuarão.
Para o caso brasileiro, 3 tendências me pareceram relevantes. A primeira é relativa à incerteza da distribuição das vacinas. Pelos mais recentes desdobramentos, pode-se atribuir elevada probabilidade no surgimento de vacinas eficazes contra a Covid-19. A questão, todavia, reside na sua distribuição. Quais países conseguirão acesso prioritário? Os ricos? E entre os países pobres? Nesses países, cidadãos mais bem conectados com o governo, ou mais ricos, terão preferência? Em outras palavras, a luta contra a Covid não termina com a criação das vacinas. Há o desafio de distribuí-las.
A segunda tendência é a recuperação econômica. Avaliando as especificidades das economias, podemos esperar diferentes respostas para o baixo crescimento desse ano. Considere, por exemplo, os países desenvolvidos da Europa. Neste ano, o bloco do Euro elaborou pacote de investimento público para reconstruir as economias mais fortemente atingidas pela pandemia, ao mesmo tempo tomando cuidado com desafios iminentes, como o ambiental. No caso desse último, o pacote prevê investimentos para geração de energia mais limpa, menos agressiva ao meio ambiente. Por outro lado, em realidade muito diferente, cito o nosso país, com crônico endividamento público e dificuldade, talvez incapacidade, de expandir o seu gasto público por longo período de tempo, uma vez que as taxas de juros incidentes sobre novas emissões de dívidas têm se elevado, e há enorme letargia e incapacidade do governo em reformar áreas sensíveis para mitigar esse problema.
Por fim, a última tendência nos diz que o conflito entre os EUA e a China irá empurrar países para tomar lados. Segundo a reportagem, nações da Ásia e da África têm se esforçado em manter aparente neutralidade. Mas essa posição será difícil de ser mantida, conforme as tensões entre as duas potências se exacerbem. Nesse ponto, o Brasil também poderá ser impelido a decidir qual lado irá tomar. Apesar do discurso de alguns políticos dizendo banalidades sobre a China, não é claro que tomar o lado norte-americano é o melhor caminho no presente, pois, em uma avaliação pragmática, a China é a maior parceira comercial do Brasil, e a economia brasileira necessita de mercados estrangeiros.
O próximo ano será cercado de desafios. O ano atípico que estamos vivendo não se encerrará no dia 31 de dezembro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário