quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Mercado financeiro é elemento fundamental para o crescimento econômico

Melhor alocação de capital é relacionada com maior produção e produtividade

investimento instituições


Na economia, temos uma relação positiva entre o mercado financeiro e o crescimento econômico. Quando o mercado acionário, o mercado de crédito, de títulos públicos se desenvolvem, ampliando suas operações, provendo serviços principalmente de alocação de capital, o dinamismo desta economia tende a ser maior. 

O termo essencial para entender essa ligação é o de intermediação financeira. As instituições financeiras (bancos, cooperativas de crédito) recebem dinheiro de vários agentes (pessoas, empresas, fundos de investimento) interessados em receber juros sobre esse capital. Ao captar esse recurso, a instituição receptora tem que aplicá-lo de forma vantajosa para que consiga honrar o seu compromisso. Nessa aplicação, ela deve ser capaz de repor o principal, os juros a serem pagos, despesas de operação e obter lucro. 

Dessa forma, essa instituição buscará aplicar esse capital nos melhores negócios. Se há uma empresa despontando no mercado, expandindo vendas e auferindo lucro, a instituição financeira tenderá a investir o capital sob sua posse nessa corporação. Nessa relação, veja que o capital investido é a poupança dos agentes. Essa poupança se transforma em fundo de investimento que é fornecido para a empresa. Agora essa empresa terá maior nível de capital para realizar suas operações. 

Conseguindo reverter o capital investido em lucro, parte desse lucro será usado para pagar o capital fornecido pela instituição financeira. Esta última, por sua vez, usará parte desse dinheiro para honrar o seu compromisso inicial, fornecendo juros sobre a poupança dos agentes. 

Da ótica dos agentes, é um ótimo negócio. Investir no mercado financeiro permite a diversificação das aplicações. Atualmente o número de brasileiros investindo na Bolsa de ações tem crescido, reflexo de maior consciência sobre finanças - entretanto, ainda há ampla crença de enriquecimento rápido na bolsa, algo pernicioso para todos, tanto para o indivíduo quanto para as empresas. Além da diversificação, investir no mercado financeiro costuma gerar maior rendimento, dependendo do risco da aplicação. Daí a indicação de analistas de que deveríamos investir em ativos pouco arriscados (títulos públicos) e arriscados (fundos de investimento). 

Voltando à dinâmica inicial, então observe que a instituição financeira capta poupança dos agentes. E essa poupança é alocada para empresas promissoras. No cenário no qual essas empresas concretizem as expectativas, isto é, sejam de fato produtivas, a economia se beneficia com o aumento da produção, do emprego e da produtividade

Amplie esse raciocínio para toda a economia. Empresas produtivas receberão financiamento das instituições e reverterão esse capital em maior produção. Todos se beneficiam: agentes terão a poupança valorizada, instituições financeiras conseguirão repor a poupança tomada emprestada e auferir lucro e empresas que usaram a poupança alocada pela instituição ampliaram suas atividades. A engrenagem da economia está em perfeito funcionamento. 

Nada impede que as instituições financeiras, ao receberem a poupança dos agentes, a invista em títulos públicos. De fato, algumas fazem isso, pois é uma forma de diversificação do risco. Outra ressalva é que como vivemos em um mundo de informação imperfeita, é comum que as empresas tidas como promissoras não consigam justificar os investimentos recebidos, e gerem perdas. Nesse caso, a instituição financeira pode retirar parte do capital aplicado nela e buscar outras alternativas. Erros ocorrem na economia. Todavia, a experiência mostra que os acertos mais do que compensam os erros, com o resultado líquido de maior crescimento econômico. 

Um dos entraves que a economia brasileira enfrenta para se tornar dinâmica é o fato de não termos um mercado financeiro desenvolvido. A intermediação financeira é manca. Até pouco tempo, quando os títulos públicos pagavam elevadas taxas de juros, fazia pouco sentido para a instituição financeira se arriscar em investir em empresas. Bastava aplicar o capital tomado emprestado (poupança dos agentes) nos títulos do governo, com elevada rentabilidade e baixíssimo risco. Era uma contradição. 

Hoje esse quadro melhorou. A rentabilidade desses títulos decresceu ao longo do tempo (risco de se investir no Brasil se reduziu), e várias instituições tiveram de buscar alternativas para valorizar a poupança dos agentes. Mas ainda temos muito a trilhar antes de ostentarmos um mercado financeiro desenvolvido e dinâmico. 






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