terça-feira, 3 de novembro de 2020

Segundo TCU, 11 mil candidatos com patrimônio superior a R$ 300 mil receberam auxílio emergencial

Nada de novo no país de Macunaíma. Esperança é que eleitores utilizem a informação

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O Tribunal de Contas da União (TCU) irá liberar lista com os nomes dos quase 11 mil candidatos com patrimônio superior a 300 mil reais que solicitaram e receberam o auxílio emergencial de R$ 600 durante a fase mais crítica da pandemia. É informação valiosa para ponderarmos nossos votos.

A desculpa de que se confundiram não parece minimamente aceitável, pois as regras do auxílio eram muito claras e simples. Outra opção é argumentar que, na vigência do auxílio, se encaixavam no público-alvo, uma vez que esse subsídio era destinado para renda familiar de até R$ 3.135 ou renda individual de até R$ 523. Entretanto, a dificuldade seria explicar um patrimônio superior de 300 mil reais com uma renda mensal abaixo das cifras elencadas acima. Há candidatos com patrimônio superior a 1 milhão de reais (para ser exato, esses são de número 1.320). No caso desses, a explicação se torna mais inverossímil ainda. 

Escrevi anteriormente que muitos de nós teríamos comportamento similar ao de Chico Rodrigues, o senador pego com R$ 33 mil dentro da cueca, caso enfrentássemos as mesmas possibilidades de comportamento ilícito. Justifiquei citando várias infrações comuns no dia a dia do Brasil, como a solicitação ilegal de seguro desemprego, tentativa de comprar carro novo usando certificado de portador de deficiência física (quando o comprador não tem essa condição), recebimento ilegal do Bolsa-Família, entre outros tantos exemplos que poderiam ser descritos. 

É fácil colocar todo o fardo da corrupção nas costas dos políticos. Talvez isso nos ajude a ter uma consciência mais leve, pois terceirizamos todos os pecados do país em poucas pessoas. "São os políticos". "País não funciona porque há muita roubalheira".

Agora volto à informação do TCU. Como eleitor, temos responsabilidade pelo nosso voto. Essa lista funciona como ótima "prévia" do comportamento que o político pode apresentar uma vez no poder. Se este mostrou inclinação para obter ganho ilícito com o auxílio emergencial, destinado para os mais pobres, ou seja, se esse político priorizou o seu ganho privado em detrimento dos mais pobres (verba direcionada para famílias ricas e abastadas representa menor quantidade para famílias pobres, lembre-se que os recursos são escassos), o que esperar dele quando for empossado? Esse político terá maior acesso ao dinheiro público, quais as chances de se portar com probidade administrativa? Eleitores preocupados com a corrupção poderiam cortar os candidatos que aparecessem na lista, seria um passo para mitigar a corrupção e a combater práticas inadequadas com dinheiro público.







 

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