segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Previsões do mercado apontam aumento da Selic em 2021

Piora do ambiente econômico pode fazer com que aumento da Selic seja maior do que o previsto pelo mercado

preços, banco central


Não deveria causar surpresa o fato do mercado financeiro prever, para o próximo ano, o aumento da taxa de juros Selic. As previsões oscilam entre o intervalo de 2,25% a 2,75%. O mesmo ocorre com a taxa de inflação, a qual projeta-se leve aumento em comparação com a do ano corrente. 

O Banco Central realiza política monetária (movimentos pela taxa de juros Selic) de acordo com a meta de inflação perseguida. Para ter sucesso nessa tarefa, ele ancora as expectativas inflacionárias por meio da taxa de juros. Quando há indícios de que a inflação subirá, o banco tende a elevar sua taxa de juros. 

Vivemos atualmente em um contexto de enorme crise econômica, com queda projetada do PIB de mais ou menos 5%. Torna-se natural, portanto, questionar: não seria adequado que a taxa de juros Selic permanecesse em baixíssimo nível para apoiar a recuperação econômica? 

Esse questionamento ignora alguns pontos. Destacarei dois. O primeiro é que a função primordial e fundamental do Banco Central brasileiro é a estabilidade monetária, logo, ele deve olhar para a inflação, e não para o desempenho do PIB (o banco observa o PIB de forma secundária, analisando como suas oscilações interferem nos preços). O segundo ponto é o fantasma do abismo fiscal que ronda a economia brasileira há pelo menos 5 anos. Caso o governo perca o controle de sua dívida, isso poderia acarretar no descontrole dos preços, isto é, as expectativas de inflação subiriam, tornando necessária a realização de uma política monetária mais apertada (elevação da taxa de juros Selic). 

Caso a trajetória da dívida pública piore nos próximos meses, tanto o mercado financeiro quanto o Banco Central irão refazer suas projeções, com elevações mais fortes da taxa de juros Selic. O aumento recente do custo de financiamento da dívida pública, mensurado pela taxa de juros de longo prazo, indica deterioração de nossa capacidade de gerenciar esse estoque de dívida. 

A piora da frente fiscal pode fazer com que tenhamos uma taxa de juros mais elevada e isto, por sua vez, dificultaria ainda mais a recuperação do crescimento. Mas veja que a causa desse descompasso não seria fruto de má vontade do Banco Central com a economia, simplesmente refletiria a inépcia e a incapacidade do governo em realizar o ajuste fiscal. 







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