Pesquisa da OCDE aponta brasileiros como maiores consumidores de redes sociais

Somos também a população que mais dispende tempo na internet

Pesquisa realizada pela OCDE mostrou que, entre os países analisados, os brasileiros são os que mais passam tempo usando internet, com uma média diária de 9,3 horas (gráfico abaixo). Desse tempo, 4,5 horas são gastas em redes sociais. Esse dado explica a atenção que algumas redes sociais dispendem no país. O Brasil é um grande consumidor desse produto. 

A barra em azul claro mostra, do total de tempo gasto na internet, o quanto o foi usando smartphones. Nesse quesito também estamos em primeiro, juntamente com a Colômbia, com 3,3 horas diárias. Portanto, a julgar os valores retratados pelo gráfico, das 9,3 horas diárias que nós brasileiros utilizamos (barra azul escuro), 4,5 horas são alocadas para rede social (figura com o "joínha" no gráfico) e 4,8 horas para atividades produtivas (subtraí do total, 9,3 horas, o tempo em rede social, de 4,5 horas, resultando em 4,8 horas). Nem todo tempo gasto na internet é improdutivo. E também vale lembrar que temos várias atividades que dependem de redes sociais para serem realizadas (eu mesmo uso o Facebook para divulgar esse blog). 

Ainda sobre o comportamento dos brasileiros no mundo virtual, o próximo gráfico mostra as jornadas de trabalho antes da pandemia e após a pandemia. Esse gráfico é da revista The Economist, e ele confirma o prognóstico (talvez paradoxal) de que o trabalho remoto elevou o tempo de trabalho das pessoas. A princípio, poderíamos aludir que o trabalho remoto oferece maior flexibilidade e autonomia, com possíveis ganhos de economia no tempo dispendido. Mas os dados mostram o contrário (em relação ao tempo poupado).

A bolinha azul retrata a jornada diária nos meses de janeiro e fevereiro, portanto, antes da eclosão da pandemia. Na maioria dos países, a média diária oscilou entre 6,5 e 7,3 horas. Com a pandemia, bolinha vermelha, essa média se elevou para o intervalo entre 7,2 e 7,7 horas diárias. O país com o maior aumento foi Israel com 47 minutos de tempo adicional de trabalho. A reportagem disse que poucos países fugiram dessa regra, com o Brasil sendo um deles, ou seja, o trabalho remoto representou queda do tempo de trabalho (infelizmente o Brasil não foi colocado no gráfico pela reportagem). 

Esses dois gráficos confirmam a tese de que o Brasil precisa e utiliza  maciçamente de internet, tanto para o trabalho quanto para atividades de lazer. Considerando a desigualdade que temos no seu acesso, como mostrei aqui, a pandemia mostrou que precisamos melhorar esse tópico, difundindo o acesso à internet para lugares ainda sem acesso a esse serviço. Vale lembrar que do total da população brasileira, apenas de 60 a 80% dela tem acesso à internet. Dado que nossa população está na faixa de 210 milhões, isso representa um intervalo de 42 a 84 milhões de brasileiros desprovidos de internet. É um dado preocupante em um mundo que caminha para crescente digitalização de serviços.