sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Consumidor valoriza produtos nacionais ou internacionais?

Argumentos solicitando proteção escondem baixa produtividade sistêmica

concorrencia abertura


A pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 62% dos empresários do país pensam que o brasileiro não valoriza as mercadorias nacionais. Por conta dessa preferência pelo estrangeiro, os produtos nacionais perderiam espaço na pauta das compras. 

Esse é mais um exemplo da inversão da análise do comportamento do brasileiro como consumidor. Talvez o grande sucesso de produtos internacionais como o Iphone, os videogames da Sony e da Microsoft, entre outras tantas mercadorias tenha motivado essa percepção. 

Outros argumentos costumeiros invocados são: o governo não apoia da forma necessária os produtores nacionais, os competidores praticam dumping (cobram preço abaixo do preço de mercado), multinacionais possuem vantagens fiscais e creditícias e os custos da mão de obra são mais baratos (esse argumento é mais usado no caso chinês). O que essas desculpas escondem?

Como alguns trabalhos retratam, tomando o exemplo de nossa indústria, a produtividade nacional é baixa quando comparada com as empresas internacionais concorrentes. Essa produtividade se traduz em produtos mais caros e de menor qualidade. Consequentemente, o consumidor, que procura tomar a melhor decisão e se satisfazer, opta por produtos de melhor qualidade e mais baratos. Esses produtos não costumam ser os nacionais, embora tenhamos exceções. 

Releia o primeiro parágrafo, mas tenha em mente a informação omitida: muitas indústrias e empresas nacionais têm baixa eficiência. Com o apoio dessa nova informação, pode-se perceber que a tal "falta de valorização para os produtos nacionais" decorre da baixa eficiência dos produtores.  

Esses produtores fazem lobby por subsídio público (BNDES, desoneração fiscal), isenção fiscal, elevados impostos sobre as importações e se posicionam contra políticas que possibilitariam a abertura da economia brasileira ao comércio internacional. Sem essas medidas, essas empresas iriam enfrentar as multinacionais, com maior eficiência e, possivelmente, muitas nacionais perderiam mercado, podendo inclusive fecharem as portas. A breve abertura econômica realizada por Collor na década de 1990 apresentou esses efeitos. 

O efeito colateral de conceder vantagens para as empresas nacionais é a formação de oligopólios (poucas empresas líderes em determinado segmento), monopólios (um vendedor para todo um mercado) e preços elevados para os consumidores. Essas características permeiam a economia brasileira, e são consequências da falta de competição com o mundo externo. No final das contas, quem paga o preço são os consumidores (enfrentam preços elevados) e os contribuintes (financiam por meio de impostos os benefícios concedidos para proteger a indústria nacional). 






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