quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Há limites para o gasto emergencial

Deterioração gradativa do ambiente econômico ilustra as limitações dessa prática

governo crise juros covid pandemia


As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Neto, neto do famoso economista Roberto Campos, mostram que o desenvolvimento da dívida pública ditará os rumos futuros da taxa de juros Selic. 

De acordo com Neto, a ausência de reformas que possam desacelerar o crescimento da dívida, estabilizando-a no longo prazo (não precisa ser em curtíssimo prazo de tempo), poderia colocar em risco o ambiente macroeconômico. Nesse caso, teríamos desvalorização abrupta da taxa de câmbio e possível repique inflacionário nos preços. Para se proteger dessas adversidades, a autoridade monetária (banco central) teria de tomar medidas. Entre elas, o aumento da taxa de juros Selic.

Ainda não chegamos nesse ponto, embora estamos caminhando para ele a passos firmes. Os gastos do governo continuam superiores às suas receitas, gerando sucessivos deficits primários e nominais. A revista The Economist afirmou que o governo brasileiro gastou o que não tinha durante a pandemia. É verdade. 

Também é igualmente válido o argumento de que não podemos continuar realizando auxílios emergenciais por tempo prolongado. Somos uma economia altamente endividada, com dívida pública em trajetória explosiva (sempre crescendo, sem horizonte de estabilização), com baixa sinalização de realização de reformas que possam mitigar essa trajetória e que nas últimas semanas teve como foco político uma possível reeleição dos atuais presidentes das casas legislativas (empreitada felizmente negada pelo STF). O mercado tem precificado essa inépcia, algo que pode ser visto pelo aumento das taxas de juros de longo prazo (as que financiam a dívida, e que não são controladas pelo banco central). 

Que 2021 seja um ano de reformas fiscais. 





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