sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

ONU projeta aumento de 130 milhões de famintos em 2021

Reflexo do empobrecimento da economia mundial

covid


Reportagem da revista The Economist mostra que a ONU projeta aumento de 130 milhões de pessoas com insuficiência alimentar em 2021. O Banco Mundial, por sua vez, prevê elevação de 150 milhões de indivíduos na faixa de extrema pobreza. Esses dados são frutos da Covid-19.

A Covid-19 representou inicialmente a paralização das atividades comerciais e produtivas, reduzindo a integração econômica e limitando os fluxos de bens e serviços. O PIB das economias envolvidas decresceu, com impacto desfavorável sobre o padrão de vida das respectivas populações. Os dados acima refletem essas consequências. Quando a economia vai mal, a sociedade (em maior grau os mais vulneráveis) paga o preço. 

Dificuldade adicional será lidar com essas consequências em um contexto de crescimento do endividamento interno e externo. No caso brasileiro, a questão envolverá possível alongamento e/ou criação de programas de suporte para os mais pobres ao mesmo tempo procurando equilibrar as contas públicas. Como afirmado pelo ministro da economia, Paulo Guedes, a PEC emergencial é uma das prioridades do governo. Por meio dela, reduções automáticas de gasto público seriam realizadas quando a dívida pública aumentasse para patamar pré-estabelecido (ou quando o teto do gasto estivesse na iminência de ser desrespeitado). 

Vale lembrar que o governo não precisa pagar toda a dívida pública. O que ele precisa é ancorar as expectativas do endividamento público: alterar a trajetória de crescimento da dívida pública/PIB, de forma a estabilizá-la e reduzi-la ao longo do tempo. Para isso, os gastos públicos devem crescer a taxas inferiores às receitas de forma permanente (estrutural). Daí a necessidade das reformas tributária (eleva as receitas), emergencial (freia os gastos) e administrativa (reduz os gastos). Com uma dívida pública/PIB declinante, o mercado passaria a precificar melhor novas emissões de dívida (exigiria menores taxas de juros), pagaríamos menor quantidade de juros e abrir-se-ia espaço para políticas sociais para os mais pobres. Efeito adicional seria uma maior entrada de investidores estrangeiros (capital externo), contribuindo para aumentar a poupança nacional e subsequentemente fornecendo fundos para investimentos. Nessa situação hipotética, o ciclo seria virtuoso. 



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