sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Próximo ano terá como pauta mundial a dívida pública

Dívida se elevou durante a pandemia, e algumas economias terão dificuldades de se financiarem

pandemia covid


Reportagem do jornal Valor Econômico informa que a economia mundial utilizou o equivalente a 29% do PIB global em gastos públicos contra a Covid-19. O Brasil está entre os que mais gastaram, com porcentagem de 11,2% do PIB. Há também aqueles que ultrapassaram a marca de 50%, como Japão e Alemanha. 

Um descuido da reportagem é usar o termo "estímulo", quando na verdade esses gastos foram de salvaguarda, defensivos. Foi um gasto visando não estimular a economia, mas proteger a população. Tomando o caso brasileiro como exemplo, o auxílio emergencial, inicialmente no valor de R$ 600, e o crédito para pequenas e médias empresas visaram, primordialmente, fornecer sustento para indivíduos pobres, no caso do auxílio, e assegurar a existência de empresas, no caso do crédito. O efeito positivo sobre a demanda, algo que podemos visualizar pelo aumento dos preços, foi um efeito colateral, secundário. 

Países que adotaram essas medidas procederam de forma correta. A população mundial precisou de ajuda nessa situação extraordinária e atípica, a qual alterou a normalidade de nossas vidas. Citando novamente o Brasil, dado o alto nível de desigualdade social, esse suporte do governo se mostrou necessário e acertado. 

Todavia, devemos ter em mente que essa expansão do gasto não ocorre desprovida de efeitos. A dívida pública/PIB mundial se elevou, em particular a brasileira, e o próximo ano envolverá medidas para contê-la - ou colocá-la em trajetória declinante, isto é, evitar trajetórias explosivas, quando a dívida/PIB cresce continuamente sem previsão de estabilidade. O Brasil se enquadra nesse último caso, por isso precisamos de reformas estruturais. A atualização da lei de falências de empresas, reduzindo a incerteza jurídica e dando mais condições para empresários se reerguerem, sem comprometer as finanças públicas, é um acerto do governo brasileiro - e da equipe de Paulo Guedes - nesse final de ano.





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