Viver em um mundo globalizado na esfera econômica também implica viver em um mundo globalizado nas suas doenças
O
coronavírus tem deflagrado ondas de temor e apreensão na China, ponto principal
de difusão do vírus. O número de óbitos ultrapassou a marca de 400, e não há indícios de que ele irá estacionar nessa
quantidade. Somente nesse país, há mais de 20 mil casos confirmados. Pior, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para o risco de contaminação global.
No Brasil, há 14 casos suspeitos.
Eventos
como esse geralmente exercem influência sobre a vida econômica, e o coronavírus
não é exceção. A China já anunciou a queda do turismo e das vendas do comércio
nas últimas semanas – o mesmo sendo válido para nações próximas, como a
Tailândia. Potenciais turistas mudam de planos e preferem ficar em casa até que
o coronavírus seja extirpado. O PIB chinês sofrerá consequências; este que já
vinha desacelerando, perderá ainda maior ímpeto.
A
economia chinesa, após décadas crescendo por volta de incríveis 10% ao ano,
mostra enfraquecimento em continuar a expansão produtiva. Parte desse problema
decorre do excesso de investimentos, muita capacidade produtiva, e pouco
demanda – lembre-se de que o povo chinês tem a marca de apresentar elevada
poupança. Há que considerar que muito desse investimento foi realizado com o
braço e vigilância do Estado, portanto, a produtividade dessas empresas pode
ser questionável e estar cobrando o seu preço – a China também apresenta
desaceleração de sua produtividade, o que pode confirmar esse prognóstico.
Dessa
forma, o coronavírus chegou em um péssimo momento para o gigante asiático (embora não exista bom momento para a chegada de qualquer vírus). Se o
surto não for controlado, a confiança dos mercados irá despencar, levando consigo grande parte da economia mundial. A ordem monetária, de forma tão bem colocada
pelo autor de Sapiens, Harari, é fundamentada pela confiança das pessoas.
Enquanto estas acreditem que tudo continuará funcionando, o sistema mostra
resiliência e sustentabilidade, por outro lado, caso as expectativas se
deteriorem, os riscos se alastram.
Em um
mundo globalizado, com países fortemente integrados comercialmente e
financeiramente, a queda de algum deles pode desencadear em desastroso efeito
dominó. E se essa peça for grande o suficiente, como é o caso da China, o
futuro não será muito agradável. A crise financeira de 2007, iniciada nos
Estados Unidos (EUA), mas propagada nos países da Europa Ocidental, corrobora
esse temor.
É
importante assinalar que o Brasil não é uma ilha isolada, estando igualmente
sujeito a efeitos colaterais danosos. As vicissitudes da economia mundial podem
não somente impactar a economia brasileira como também frustrar os planos de
recuperação econômica elaborados pela equipe de Paulo Guedes. Espera-se que não
caiamos no erro de pensar que o Brasil possa ser uma economia autossuficiente
e, portanto, estar isolada dos ventos advindos da província asiática.
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