Schumpeter e a sua destruição criativa dariam valiosa contribuição para a Ciência Econômica ao mostrar o caráter revolucionário da economia
É comum
no futebol a expressão “safra” para designar determinado período temporal no
qual grandes talentos emergiram. A safra brasileira dos anos 2000 contava com
Ronaldo “fenômeno”, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Adriano e Kaká. No plano
econômico, a safra austríaca no início do século passado contava com nomes como
Ludwig von Mises, Gottfried Haberler, Karl Popper (filósofo, mas que discursava
sobre economia), Friedrich von Hayek e Joseph Schumpeter, o autor do livro
Capitalismo, socialismo e democracia. Era uma verdadeira seleção.
No
livro, Schumpeter argumenta que o capitalismo é um sistema dinâmico (portanto,
não estacionário), caracterizado por abruptas revoluções tecnológicas que
alteram as estruturas vigentes, isto é, modificam as empresas que são líderes,
as quais possuem a maior parte do mercado e, desse modo, ditam o funcionamento
de determinado segmento da economia. É um jogo no qual o status quo pode ser
rapidamente perdido em virtude das inovações nos métodos produtivos, culminando
em produtos mais sofisticados e complexos.
Para
realizar essas inovações, as firmas precisam dispender grande volume de
dinheiro para pesquisa e desenvolvimento, sendo que o resultado não
necessariamente dará origem a um produto com maior valor agregado. Com isso, é
a figura da grande empresa que emerge como ponto essencial para o processo
inovador, pois esta possui capacidade para direcionar parte do capital para o
setor de pesquisa. Consequentemente, a concorrência seria mais restrita,
envolvendo poucos players: “a concorrência imperfeita é (...) uma das
principais características da indústria moderna”. Mais importante do que isso,
é que “a grande empresa transformou-se no mais poderoso motor [do] progresso e,
em particular, da expansão a longo prazo da produção total”.
Assim
chegamos a uma das principais contribuições de Schumpeter para a teoria
econômica, a destruição criativa. O capitalismo promove a “mutação industrial
que revoluciona incessantemente a estrutura econômica a partir de dentro,
destruindo incessantemente o antigo e criando elementos novos”, ou seja, os
novos produtos e as firmas que os detêm expulsam os antigos produtos e as
respectivas firmas que os produziam – assim confirmando e afirmando o caráter
revolucionário e dinâmico do capitalismo.
O autor também
se aventura no campo político, dando uma definição para a democracia. Esta
seria caracterizada por ser um mecanismo institucional “para a tomada de
decisões políticas, no qual o indivíduo adquire o poder de decidir mediante uma
luta competitiva pelos votos do eleitor”. Definição mais próxima da realidade e
menos idealista, conforme somos tentados a pensar pela mídia. O autor
prossegue: a “democracia significa apenas que o povo tem oportunidade de
aceitar ou recusar aqueles que o governarão (...) é o governo dos políticos”.
A
influência de Schumpeter foi tão forte que ainda hoje artigos científicos são
publicados nos principais periódicos de economia (Quarterly journal e Americaneconomic review) utilizando a destruição criativa como mola central do crescimento
econômico. Modelos de crescimento são erigidos sob esse conceito. À luz desses
desdobramentos, podemos avaliar a importância e a perspicácia de Schumpeter na
compreensão do capitalismo.
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