sexta-feira, 10 de abril de 2020

Guilherme Boulos e Luiza Erundina criticam governo

Caminho para se tornar uma Argentina

Folha de S. Paulo


Boulos e Erundina escreveram hoje para a Folha de S. Paulo texto no qual criticam as medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo. Segundo eles, parte da atual crise pode ser compreendida por causa dessas medidas.

Entre as medidas que recomendam para superar a pandemia, está a revogação do teto do gasto público (emenda constitucional que impede que o crescimento do gasto público do ano atual supere a taxa de inflação do ano anterior). O teto foi implementado para estabilizar a dívida pública. Esta vem aumentando de forma insustentável no longo prazo.

A dívida aumenta porque nosso país gasta muito mais do que arrecada - e isso não é de hoje, é um comportamento que perdura por décadas. Não consegue equilibrar as contas públicas. Ao implementar o teto, o país conseguiu maior credibilidade no mercado financeiro, pois mostrou que o seu endividamento pode ser controlado. Se hoje temos uma taxa de juros baixa, parte do crédito é devido ao teto. Também o teto teve o benefício de aumentar o prazo concedido pelos credores para o país pagar sua dívida.

Boulos e Erundina parecem ignorar esse fato. Também parecem não compreender como uma economia de mercado funciona, pois segundo eles: “defendemos medidas que salvem o povo, não as corporações ou os bancos”. Mas corporações e bancos empregam milhares de brasileiros, e essas instituições viabilizam a sobrevivência de outras. Como uma sociedade funcionaria sem bancos ou corporações?

No texto inteiro há menções de medidas que irão implicar aumento do gasto público para superar a crise. Mas em nenhum momento os autores mostram como esse gasto seria financiado. Como? Essas lacunas deveriam ser preenchidas.

Por fim, ao permitir que bancos e corporações quebrem, eles estariam prejudicando o objetivo inicialmente pretendido, ajudar os pobres, pois sociedade e economia estariam destruídos - entre eles as pessoas, incluindo os pobres. É um erro comum julgar uma política por suas intenções, ao invés de suas consequências. "O caminho para o inferno está pavimentado de boas intenções", já dizia o velho ditado.


Fonte: Folha de S. Paulo
Link: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/04/por-uma-revolucao-solidaria.shtml?fbclid=IwAR2viPZf2aKFoftDJ-owmWqlutFdXHv00mCsTQpuuV4EBzHWIVryJfkyPZQ

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