quinta-feira, 16 de abril de 2020

Sobre a entrevista de Mankiw

Mankiw acredita em rápida recuperação da economia

economia


Em sua entrevista, Mankiw discutiu os cenários das economias dos Estados Unidos e do mundo. Muitos dos tópicos discutidos estão também sendo alvos de discussões aqui no Brasil. Destaco os principais pontos da entrevista:

1) Questionado sobre a renda básica universal, Mankiw disse que é a favor dela (tanto no atual momento quanto no futuro, de forma permanente). Acrescentou que a maioria dos economistas dos EUA também se posiciona de forma favorável. Todavia, em sua visão, é o público quem não demonstra muita inclinação para esse tipo de política - parcialmente explicado pelo fato de ser um benefício obtido sem contrapartida. Mankiw lembrou corretamente que essa discussão é antiga, datando desde 1962, quando Milton Friedman a defendeu em seu famoso livro Capitalismo e Liberdade. No final dos anos de 1960, uma carta assinada por 1000 economistas foi enviada para o Congresso norte-americano pleiteando a adoção da renda universal. Essa carta foi assinada por grandes nomes, como Paul Samuelson e Peter Diamond, ambos vencedores do Nobel de economia. Não adiantou, a política não foi adotada. 

2) Ainda sobre o ponto 1), Mankiw disse que, caso decida-se por adotar a renda básica universal, os atuais programas de política social deveriam ser rediscutidos. O mesmo sendo válido para a dívida pública, que sofreria grande aumento. É a velha história de que precisa-se cortar de um lado para poder alongar de outro. Caso contrário, o crescimento da dívida é inevitável.

3) Mankiw elogiou a atuação do banco central americano (Fed). Tanto por injetar liquidez em instituições financeiras (principalmente bancos) quanto por realizar empréstimos para instituições não-financeiras. No Brasil, nosso banco central está limitado por lei a emprestar apenas para instituições financeiras. Seria desejável permitir que ele pudesse financiar quaisquer empresas. A PEC do orçamento de guerra, a qual eu discuti aqui, tenta flexibilizar essa política. Mas lembrando que esse tipo de intervencionismo do banco central deveria ocorrer somente em períodos extraordinários, como o que vivemos

4) Questionado sobre a recuperação econômica após o covid, Mankiw acredita que a recuperação será mais rápida do que a vista após a crise financeira de 2007. Ele argumentou que a inflexão da paralisação para a produção será rápida, pois os empregos estão sendo mantidos com o apoio do governo. O mesmo é válido para as empresas, as quais, em teoria, não irão à falência, pois governo e banco central estão apoiando-as por meio de créditos e isenções tributárias.

5) O economista revelou o seu portfólio de investimentos. Este é dividido em duas partes: 40% em títulos públicos e 60% em ações. Obviamente, em consequência da forte queda das ações mundiais, Mankiw perdeu dinheiro. Mas justificou que o ideal é ter paciência e aguardar a recuperação do valor dos mercados acionários. Como macroeconomista, Mankiw sabe que a tendência de longo prazo das ações é a valorização, por isso a sua tranquilidade. Para os detentores de ações, ele recomendou que aguardem a recuperação da economia, ou seja, não afobar com o curto prazo, pois no longo prazo o valor será recuperado. Me coloco de acordo com esse raciocínio também.

Para quem se interessou e deseja ouvir toda a entrevista, o link é esse aqui em baixo.





















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