domingo, 26 de abril de 2020

Paulo Guedes sofre pressão para aumentar o gasto público

"Chegou a hora da gastança" assombra os corredores do Ministério da Fazenda

Paulo guedes


Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Paulo Guedes entrou em divergência com alguns de seus técnicos. O ex-secretário especial da previdência e trabalho, Rogério Marinho, articula nos bastidores uma coalização para implementar o aumento dos gastos públicos como forma de estimular o crescimento da economia brasileira.

Ainda de acordo com o texto, Marinho defendeu sua proposta com a infeliz frase de que "era hora de gastança". 

Vamos aos dados. O gráfico abaixo mostra o consumo do governo geral em proporção com o PIB desde 1960 (dados do Banco Mundial).
banco mundial

A princípio o consumo do governo girava em torno de 10%. Sobe significativamente na década de 1980 e se consolida em 20% na década de 1990. Atualmente essa variável situa-se nessa magnitude. Dessa forma, o gasto do governo/PIB cresceu ao longo dos anos.

Agora vamos observar a receita e despesa total do governo (incluindo municípios e estados). Coletei os dados do site do Tesouro Nacional. Os valores estão em milhões de reais (não deflacionados). Veja que até a metade de 2013 as receitas e despesas seguiam de forma equilibrada, mas cria-se um crescente hiato até o final da série. As despesas passaram a crescer de forma mais rápida do que as receitas, resultando no agravamento da situação fiscal das contas públicas.

Tesouro nacional

Pelo primeiro gráfico, vimos que o consumo do governo aumentou ao longo do tempo. Pelo segundo gráfico, que temos despesas superiores às receitas. Então, o raciocínio de que chegou a hora da "gastança" soa estranho. O governo já não vivia nesse tipo de política há vários anos?

Apresento o último gráfico, a consubstanciação de gastos superiores às receitas por longo período de tempo: a dívida pública. Nesse último gráfico (dados do IPEA e do Tesouro), temos a dívida pública líquida do governo geral (União, estados, municípios, estatais, banco central). Note que a dívida líquida é a dívida bruta menos os ativos do governo (reservas internacionais). Em 2014 ela estava em 30%. Cresceu de forma gradativa ao longo dos anos, atingindo a marca de 54%. Quase dobramos nossa dívida em menos de 10 anos. Pelo desenrolar dos fatos, a probabilidade é a de que ultrapassemos os 60%. 

IPEA Data


A pressão que Paulo Guedes vem sofrendo apenas reforça o fato de que nosso Estado é gastador, tem cultura perdulária e pouco responsável com as contas públicas. Não me causará surpresa caso Guedes saia do ministério.


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