Benefício indevido é outra evidência da dificuldade de conectar políticas públicas com os seus receptores
Reportagem do jornal Valor revelou que aproximadamente 4 milhões das famílias mais ricas do país (classes A e B) receberam auxílio emergencial de 600 reais.
O estranho é que esse auxílio foi elaborado para apoiar, unicamente, os trabalhadores informais, os microempreendedores individuais (MEI) e os desempregados que não recebem seguro-desemprego. Adicionalmente, deve-ser ter uma renda individual de no máximo 523,5 reais para fazer jus ao benefício ou apresentar uma renda familiar não superior a 3.135 reais. Portanto, tais famílias não poderiam receber, pois os seus rendimentos são em muito superiores a esses patamares.
Um dos beneficiários se defendeu argumentando que "paga impostos e nunca teve qualquer retorno dele". Provavelmente esse sujeito se esqueceu da segurança pública (ainda que ineficiente em vários pontos do país), das estradas, dos parques e das instituições públicas (principalmente o sistema jurídico responsável pela aplicação da lei) - todas financiadas por impostos.
Essa reportagem evidencia que o problema do Brasil não está somente em Brasília, representado por nossos políticos. Na camada da população temos vários exemplos de descumprimento e corrupção da lei. Nossos políticos refletem, em boa parte, o que somos como cidadão. Mário de Andrade retratou esse lado dos brasileiros de forma genial no seu clássico Macunaíma, o sujeito "esperto", aventureiro, curto-prazista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário