Risco é de saída abrupta de capitais e perda do equilíbrio macroeconômico
O banco central sinalizou que, caso realize reduções adicionais na taxa de juros Selic, estas tenderão a ser marginais. Faz sentido dadas as características da economia brasileira.
A justificativa decorre da teoria da paridade da taxa de juros. Em termos simplificados, ela nos diz que dado um país desenvolvido (pense nos Estados Unidos) e outro em desenvolvimento (o Brasil), os investidores aceitariam investir no Brasil somente se ele pagasse um rendimento adicional para compensar o risco do investimento. A equação é a seguinte:
taxa de juros Brasil = taxa de juros EUA + prêmio de risco
O prêmio de risco é o rendimento adicional que a economia brasileira paga aos seus credores para mantê-los no seu território.
O banco central está atento a essa dinâmica, e sabe que se a taxa de juros Selic for reduzida a níveis próximos aos juros dos países desenvolvidos, não faria sentido para os credores aceitarem maior risco de calote, se podem colocar o dinheiro em lugares mais confiáveis (qual a chance dos EUA não honrarem suas dívidas?).
Mas e se o banco central ignorar esse fato e reduzir substancialmente a taxa de juros Selic? Nesse caso, presenciaríamos grande saída de capital externo do país, culminando em forte desvalorização da taxa de câmbio, com repercussões sobre a inflação - esta seria aumentada. Em resumo, perderíamos o equilíbrio macroeconômico. Consequências adicionais seriam o agravamento das contas fiscais.
Isso ilustra que a economia não é apenas um espaço no qual podemos alterar unilateralmente preços e variáveis. É um sistema complexo no qual os preços estão interligados.
PS.: O ex-presidente do banco central, Ilan Goldfajn, discutiu esse tipo de relação no caso da política monetária aqui
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