quarta-feira, 17 de junho de 2020

Liga inglesa (Premier League) teve receita superior às ligas italiana e espanhola combinadas

Saudades do futebol com reduzida globalização dos anos 1960?

globalização


Reportagem da The Economist mostrou a evolução das receitas dos clubes da primeira divisão do futebol inglês, a famosa Premier League. No gráfico abaixo, a parte amarelada é a receita obtida nos dias de jogos (vendas de ingressos), a parte azul escura são os ganhos provenientes de comerciais, e a maior parte da receita é o azul claro, a receita dos direitos de transmissão. Veja que esse tipo de receita é crescente ao longo dos anos, enquanto a receita obtida por jogos é decrescente.


Essa última observação é importante porque mostra que talvez os clubes não sofram muito em decorrência da Covid-19, pois dependem muito mais do dinheiro advindo das transmissões. 

A reportagem afirma que na última temporada a receita total da Premier League foi superior à das ligas espanhola e italiana combinadas - o que reforça a força do futebol inglês. É um ciclo virtuoso para os ingleses: maiores receitas atraem melhores jogadores, que por sua vez aumentam o público e a visibilidade da liga, atraindo mais patrocinadores (receitas de comerciais)...

Esse cenário diz algo sobre a globalização. É verdade que a globalização econômica elevou o padrão de vida do planeta como um todo. Mas igualmente correto é assinalar que a globalização também produz desigualdades - nas quais, sem alguma medida governamental para mitigar os seus efeitos, pode exacerbar ressentimentos. A classe média dos Estados Unidos (EUA) é o caso clássico.

Nos EUA, a globalização econômica representou o aumento da competição no mercado de trabalho. Os norte-americanos tiveram de concorrer com o restante do mundo, sendo que asiáticos, por exemplo, aceitavam os mesmos empregos por menores pagamentos. Com reduzidos direitos. E assim os americanos de baixa escolaridade se tornaram os perdedores da globalização (há também fatores políticos nessa conversa, mas que discutirei em outra oportunidade). 

Voltando ao futebol, há uma disparidade enorme e crescente entre os principais clubes europeus e os sul-americanos. E a globalização tem um papel nesse cenário - um indício são as exportações de jovens craques que os clubes sul-americanos fazem para os grandes da Europa.

O craque Tostão sempre lembra os grandes jogos dos anos de 1960 no Brasil, quando o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha se enfrentavam, juntamente com tantos outros craques. É que nesse período as trocas comerciais de jogadores eram muito reduzidas. Os mercados ainda não eram muito integrados. Em outras palavras, a globalização ainda não tinha atingido o futebol. Quadro muito diferente do que vivemos hoje.

Assim como os trabalhadores da classe média dos EUA, os clubes sul-americanos podem reclamar um pouco desse efeito da globalização. 
















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