Queda do PIB brasileiro era esperada. Surpresa ocorre no caso chinês
Não foi uma grande surpresa a constatação de quedas expressivas do crescimento do PIB trimestral para diversos países (gráfico abaixo). Entretanto, espanta ver a fortíssima recuperação chinesa, tanto em termo temporal quanto em magnitude.
O Brasil ficou mais ou menos na média, com queda de 9,7%, longe dos mergulhos apresentados pelo Reino Unido, com redução de 20,4%, e da economia peruana, com 27,2% de queda.
Voltando a China, observe que a Índia também apresentou resultado positivo, embora reduzido. Essas duas economias têm crescido rapidamente nos últimos anos, puxando a demanda mundial por commodities e outras mercadorias. No tocante à China, é uma economia que mescla políticas de livre mercado, como o incentivo de entrada de investimentos estrangeiros, com forte centralização política, com diversas estatais seguindo diretrizes do governo. O investimento público da China é elevado por conta dessa última característica, e tal investimento não costuma seguir o ciclo econômico, isto é, a conjuntura pode ser recessiva, mas as empresas públicas podem expandir os investimentos, pois o governo as abasteceria com fundos públicos. Seria esse um dos motivos da rápida recuperação chinesa?
De qualquer forma, essa recuperação mostra uma questão levantada há pouco tempo pela revista The Economist e discutida aqui. Muitos autores previram o declínio da economia chinesa, mas erraram nas previsões. Um ponto para entender o sucesso chinês, em comparação ao fracasso da União Soviética (muitos analistas associaram esses dois blocos para justificar previsões sombrias para a China), é o fato de que a China adota políticas pró-mercado, traço marcadamente ausente na extinta economia soviética.
Para finalizar, construí o gráfico abaixo, com dados do Banco Mundial, retratando a taxa de crescimento do PIB da China, da Índia e da economia mundial. Repare que a dianteira está com a China (linha azul), com vários anos crescendo aproximadamente 10%. Mas a Índia também apresenta forte crescimento (linha vermelha), com valores um pouco acima de 5%. As duas economias cresceram a taxas superiores às da economia mundial (linha verde) ao longo de várias décadas - observe que em nenhum ano o crescimento mundial atingiu o valor de 5%. A tendência é de que esse processo prossiga nos próximos anos.
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