segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Produtos começam a faltar nos supermercados da Argentina

Dificuldade é entender por que nossos vizinhos sempre repetem políticas que não funcionaram no passado

argentina falta produto


Sem causar qualquer surpresa, nessa semana os argentinos se depararam com falta de produtos nos supermercados. Consumidores reclamam que não conseguem encontrar iogurtes naturais e arrozes integrais (você não leu errado, o plural de arroz é arrozes), enquanto iogurtes e arrozes de outros tipos são encontrados. A resposta é simples: os dois primeiros foram tabelados, leia-se, proibidos de terem os preços reajustados, ao passo que os últimos estão livres às forças da oferta e da demanda.

Em março, com a justificativa de proteger os pobres (sempre em nome deles!), o presidente argentino, Alberto Fernandez, decretou o tabelamento de preços, política chamada de Preços Máximos. Nessa infeliz política, 2.300 produtos tiveram os preços controlados pelo governo (proibidos de serem reajustados). Fernandez julgou que fazendo assim aliviaria o custo de vida dos mais pobres, pois a inflação não sofreria repasses.

A tendência é que mais produtos comecem a faltar, pois os comerciantes evitarão negociar produtos que gerem prejuízo. Assim, as mercadorias livres para serem reajustadas estarão no mercado, provavelmente custando mais caro, dado que o governo argentino tem imprimido mais moeda para financiar parte de sua população. Expansão monetária com preços congelados, receita destinada a fracassar.

Fazendo um paralelo com o caso brasileiro, aqui houve reclamação do encarecimento do preço do arroz, mas veja que não faltou arroz para comprar. Ele ficou mais caro, e os comerciantes repassaram o aumento de preço para a população. Fizeram isso porque havia lucro envolvido. Ao proibir reajustes, o governo argentino quebra o incentivo de comercializar, pois não há lucro. Qual comerciante venderá sua mercadoria sabendo, de antemão, que perderá dinheiro?


PARA APROFUNDAR:

O livro A Macroeconomia do Populismo na América Latina descreve casos semelhantes a esse da Argentina. O governo se compromete a ajudar os pobres, mas termina prejudicando-os. Veja mais aqui









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