quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Banco Central interrompe queda da Selic e se mantém vigilante para controlar a inflação

Taxa de inflação ainda está fora da meta, o que pode fornecer margem para a manutenção da Selic em baixo patamar 

banco central vigilante


Como esperado, o Banco Central decidiu manter o nível atual da taxa de juros Selic em 2%, encerrando vários meses de quedas contínuas dessa variável (gráfico abaixo). Mesmo antes da pandemia, o processo de redução dos juros estava ocorrendo. Tomando o período retratado pelo gráfico, veja que em janeiro de 2017 tínhamos uma Selic da ordem de 13% ao ano. Pouco antes da chegada da Covid, o seu valor era de 6,5%. 

taxa de juros selic


Observe que essa é a taxa de juros nominal. Uma medida mais precisa é a taxa de juros real, aquela que subtrai do valor da taxa de juros nominal a taxa de inflação. Desde 2018 a taxa de inflação oscilou na banda de 3,5 a 4% ao ano. Então, nesse início de ano a taxa de juros Selic real estava por volta de 2%. A importância de considerar a taxa de juros real reside no fato dela mostrar a valorização do ativo que supera a corrosão do aumento dos preços. Para investidores, por exemplo, faz pouco sentido analisar somente a taxa de juros nominal.

Atualmente a teoria relacionando a taxa de juros Selic com o setor financeiro, a qual argumentava que o mercado financeiro impunha uma taxa de juros desproporcional aos fundamentos da economia brasileira, de forma a propiciar volumosos ganhos para os rentistas, em detrimento da população, se enfraqueceu significativamente. Como dizer que um ambiente com juros real de 2% ao ano é o paraíso dos rentistas?

Voltando ao Banco Central, ele comunicou que está vigilante quanto ao aumento dos preços, e que caso a pressão dos preços se eleve, talvez por conta da recuperação econômica, ou repasses de uma taxa de câmbio desvalorizada, ele poderia atuar para mitigar o aumento da inflação, ou seja, poderia elevar a taxa de juros Selic. 

Mais do que simples instrumento que pode ser elevado ou rebaixado aos caprichos de técnicos do Banco Central, a taxa de juros faz parte de todo um sistema macroeconômico, formado por diferentes preços, sendo a Selic apenas mais um deles.








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