terça-feira, 8 de setembro de 2020

Estudo mostra que 30% dos investimentos públicos são desperdiçados por improbidade administrativa e ineficiência

Desavio é conseguir superar problemas técnicos na gestão e elaboração dos investimentos

Investimento público


Vez ou outra quando o argumento para expandir o investimento público é levantado, objeções relativas ao possível desperdício surgem. Afirma-se que as obras poderiam ser superfaturadas, mal direcionadas e dimensionadas, entre outros pontos. No caso do primeiro caso, o possível desperdício de dinheiro público, o FMI investigou países ricos, emergentes e pobres. O resultado está no gráfico abaixo.

desperdício infraestrutura


Veja que entre os países de classes de rendas baixa e média, o desperdício varia de 34% a 53% do total gasto na infraestrutura. No caso brasileiro (em média), a cada 1 real gasto em infraestrutura, 0,34 centavos estariam sendo desperdiçados. Para as economias pobres, como as africanas e do sul da Ásia (Afeganistão, Bangladesh), o desperdício chega a mais da metade do valor desembolsado, 53%. Nem as economias desenvolvidas conseguem escapar da ineficiência: 15% do gasto nos investimentos mostra desvio de eficiência.

O artigo do FMI ressalta 3 fatores para explicar o desperdício de dinheiro nos investimentos públicos em infraestrutura: corrupção, atrasos das obras e custos inesperados. No caso da corrupção, maiores transparência e vigilância dos órgãos fiscalizadores podem amenizar o problema. Atrasos e equívocos quanto aos custos envolvem planejamento inadequado. 

Aqui no Brasil não é novidade o padrão de desvios de verbas em obras públicas. A construção dos estádios para a Copa do Mundo de 2014 é exemplo clássico da conjugação de improbidade administrativa com planejamento desprovido de senso econômico. Pense na caríssima Arena da Amazônia, orçada inicialmente em R$500 milhões e concluída em R$670 milhões. Relacione a construção desse estádio com o futebol local, ou seja, havia demanda para esse tipo de investimento? Por fim, a construtora responsável pela obra foi a Odebrecht. 

Considero essencial o trabalho do FMI em dar números a um problema conhecido por nós brasileiros. Os números ajudam a projetar a ineficiência. Também vale dizer que essa ineficiência não é argumento para rejeitar categoricamente os investimentos públicos. Serve para melhorar os dispositivos institucionais para fiscalizarem esses investimentos e coibirem futuros desvios.


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