quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Dívida pública/PIB mundial sobe com esforços para conter expansão da pandemia

Credores exigirão menores juros em um contexto de endividamento geral?

endividamento


Os alertas que o FMI têm realizado devem ser entendidos dentro do novo quadro de elevado endividamento público e privado conjugado com fraco crescimento econômico e piora da pobreza. Veja no gráfico abaixo que a previsão da média mundial da dívida pública/PIB (para 189 países) subiu de 83% para 99% (eixo vertical do lado direito, em vermelho) e a média da dívida privada/PIB também se elevou (eixo vertical esquerdo, barras em azul). 

fmi


O Brasil segue esse padrão. O fundo prevê que nossa dívida/PIB pode superar a marca de 100%, colocando-nos como a segunda economia emergente mais endividada do planeta, perdendo apenas para Angola. 

O mercado tem penalizado nossa falta de reformas fiscais para conter a piora do endividamento. O gráfico abaixo, elaborado por Schwartsman, mostra o descolamento entre a taxa de juros de longo prazo, a que financia nossa dívida pública, com a taxa de juros de curto prazo, em geral sendo a Selic. Observe que nos últimos períodos do gráfico o valor atingiu a marca de 6%, ou seja, a taxa de longo prazo está em patamar de 6% superior à taxa de curto prazo. Nesse caso, caso o Tesouro decida financiar os gastos do governo emitindo títulos, o pagamento de juros seria mais elevado, pois os títulos públicos estariam atrelados a taxa de juros maior.

alexandre


Esse ponto realça a importância e, sobretudo, a necessidade de ajustarmos as contas públicas. Quando credores percebem que o devedor se comporta mal, não tomando medidas para arrumar a casa, os primeiros tendem a abandoná-lo. A concretização desse quadro no mundo econômico é o aumento da taxa de juros de longo prazo. Curioso que os defensores do aumento do gasto público e do fim do Teto do Gasto não percebam a relação entre a piora das contas fiscais, o aumento da taxa de juros e a consequente elevação de pagamento de juros da dívida. 

Por fim, como outros países apresentam o mesmo problema que o Brasil, os credores serão mais parcimoniosos em relação aos juros exigidos para financiar economias endividadas em um mundo com maior dívida pública? A julgar pelo presente contexto, a resposta parece que não, pois enquanto a economia brasileira tem assistido ao crescimento da taxa de financiamento de sua dívida (gráfico acima), outros países, como os EUA e o Japão, têm visto suas respectivas taxas de juros em níveis baixíssimos, mesmo com o aumento do endividamento - Japão tem a maior dívida pública/PIB do mundo.




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