Omissões e incongruências pioram credibilidade da economia brasileira
O noticiário econômico mostrou apreensão com a piora dos fundamentos da economia brasileira. Por fundamentos, leia-se desvalorização do real, aumento da taxa de juros para financiar a dívida pública e maior dificuldade de financiar o crescente deficit público.
Escrevi na semana passada que o real era uma das moedas mais desvalorizadas no ano. Isso é sinal de que o mercado precificou a falta de capacidade do governo em realizar medidas para conter o agravamento do endividamento público. Investidores estão abandonando o país e recorrendo ao dólar, ativo seguro e com alta liquidez.
O aumento da taxa de juros para financiar a dívida segue a perda de credibilidade do governo em mostrar algum ajuste fiscal crível. É um tiro no pé. O governo sinalizou na semana passada que pensava em burlar o Teto do Gasto, e o mercado reagiu elevando o preço para financiar a dívida pública. Nossos credores reagiram de forma racional. Como o devedor não se mostra muito afim de melhorar suas finanças, consequentemente sua capacidade de pagar sua dívida é reduzida. Cobra-se mais juros para financiá-lo.
Alguns analistas afirmaram que o país tem 3 caminhos para seguir: i) realizar reformas para reduzir o gasto e melhorar a dinâmica da dívida; ii) aumentar os impostos para financiar o programa Renda Cidadã; iii) permitir que a inflação se eleve pela omissão de reformas. Dadas as informações até hoje, parece que seguiremos o caminho ii), com mais impostos sobre a população. A carga tributária subirá, caso esse caminho seja tomado.
Desde que comecei a escrever nesse espaço, tentei expressar as consequências da irresponsabilidade fiscal. Entre as consequências, temos a perda do equilíbrio macroeconômico. Essa perda representa um câmbio mais desvalorizado, taxas de juros crescentes, inflação ascendente e fraco crescimento econômico. Estamos caminhando para esse estado.
Amanhã escrevei texto sobre o equilíbrio macroeconômico.
PARA APROFUNDAR
O livro A Macroeconomia do Populismo na América Latina discute as consequências da perda de equilíbrio macroeconômico. Veja aqui.
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