Políticas fiscal e monetária e preferências explicam tendência ascendente
A revista The Economist chamou a atenção para um fato curioso. Em meio a uma das maiores recessões da história econômica, os preços de residências nos países ricos estão se elevando, comportamento contrário ao esperado, dado a fraqueza da economia. A figura abaixo retrata dois gráficos. O primeiro mostra os preços das residências para o grupo das 7 economias mais ricas (Alemanha, Estados Unidos, Japão, Alemanha, entre outros), o G7. O segundo gráfico mostra a evolução do preço das ações de empresas do setor imobiliário. Em todos os casos, as séries se elevam ao longo do tempo.
A pandemia e o seu subsequente efeito recessivo foi apreendido pelos gráficos, todavia, vemos apenas uma breve queda que é rapidamente recuperada. O contrário ocorreu na crise financeira de 2007 nos EUA, quando os preços das moradias e ações das empresas desse setor despencaram fortemente. Mas também foram movimentos efêmeros.
Na atual conjuntura, a revista cita 3 fatores que explicam o aumento dos preços das moradias. O primeiro foi a política monetária dos Bancos Centrais desses países. Assim como o Banco Central brasileiro, esses bancos reduziram substancialmente a taxa de juros, consubstanciando em financiamentos de aquisição de casas com juros mais baixos (hipotecas mais baratas). O segundo fator foi a política fiscal desempenhada pelos governos. Também como o Brasil, os governos desses países transferiram renda para a população, garantiram empregos e prolongaram a sobrevivência de empresas. O efeito líquido dessas medidas foi a expansão da demanda em determinados mercados, sendo o imobiliário um deles. Por fim, o terceiro e último fator foi a alteração das preferências dos indivíduos. Parece que o confinamento fez com que muitas famílias decidissem adquirir casas maiores e melhores, contribuindo para aumentar tanto a demanda desse segmento quanto os seus preços.
Aqui no Brasil, ainda não li nada a respeito dos preços imobiliários, no sentido de forte queda e rápida recuperação. Por outro lado, tivemos episódios de abruptos aumentos de preços, como o do arroz e de eletrônicos. A fortíssima desvalorização do real frente ao dólar ajuda a entender essas oscilações, não deixando de considerar os efeitos sobre a demanda do auxílio emergencial e da política monetária do banco central.
PARA APROFUNDAR
Mais sobre a desvalorização do real poder ser lido aqui
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