quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Pandemia irá redistribuir poder econômico mundial

Economias ocidentais terão de conviver com protagonismo chinês 

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A reportagem de capa da nova edição da revista The Economist se concentrou sobre o mundo pós-pandemia. De acordo com ela, as políticas econômicas adotadas para mitigar o impacto negativo da Covid-19, a recuperação do crescimento econômico e o debate político serão cruciais na redefinição dos papeis de países e blocos na órbita econômica.

Em relação às políticas econômicas, algumas economias prolongaram a vida de empresas que estavam fadadas a fecharem (ou a se tornarem obsoletas) mesmo sem o golpe da pandemia. A consequência pode ser a existência de, usando o termo da revista, "empresas zumbis". São entidades pouco produtivas, mas que sobrevivem por causa de subsídios e benefícios públicos. Caso o governo generalize esse tipo de prática, pode fazer com que toda a economia passe a crescer a baixas taxas, com pouco dinamismo. A revista cita o Japão como exemplo de país que adotou esse modelo, o qual seria parcialmente responsável pela estagnação de seu crescimento desde os anos 1990.

A França e a Alemanha têm adotado política para gerar campeões nacionais, o que pode colocá-las perto do caso japonês. Dessa forma, o bloco do Euro, ao tentar proteger empresas e trabalhadores, poderia cair na armadilha do baixo crescimento estrutural. O mesmo é válido para os Estados Unidos, nação que usou vasto programa para proteger empresas. 

E qual economia sairá mais forte relativamente após a pandemia? A julgar pelo atual quadro, será a chinesa. Ao contrário de quase todos os países, a China não apresentará crescimento econômico negativo (veja a tabela abaixo), embora este tenha sofrido forte desaceleração (aumento do poder econômico da China irá alimentar teorias da conspiração de que o país tenha produzido o vírus para prejudicar as demais economias).

ocde china crescimento



Por fim, o quadro político polarizado não tende a ajudar na resolução das dificuldades presentes. A falta de coordenação pode abrir caminho para voluntarismo equivocado. Sobre esse último ponto, o Brasil já vem sofrendo dessa doença há muito tempo, conforme argumentos para desrespeitar a restrição financeira são levantados como solução para nossos problemas.


PARA APROFUNDAR

A "estagnação secular" do Japão é tópico em aberto. A The Economist enfatiza a sobrevivência de empresas pouco produtivas como fator relevante para explicá-la. Discuto essa questão aqui




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