Pandemia evidenciou abismos entre crianças
A OCDE apresentou informações sobre crianças de famílias mais pobres comparadas com as mais bem afortunadas (tabela abaixo). O termo em vermelho lower mostra que as de famílias pobres têm desempenho inferior em várias modalidades.
Destaco 3 modalidades:
i) pior hábito de saúde (menor quantidade de refeições no dia, com alimentos pouco saudáveis);
ii) obesidade;
iii) apoio familiar;
Consideradas conjuntamente, essas deficiências fazem com que essas crianças não realizem todo o potencial quando adultas. Tenderão a ter doenças e sofrer privações decorrentes de uma situação financeira mais frágil. Partindo de lares desiguais, essa desigualdade pode ser aprofundar ao longo dos anos.
O Prêmio Nobel de Economia, James Heckman, concedeu entrevista argumentando que um dos principais fatores para o desenvolvimento das crianças é um lar adequado. Nesse caso, a crianças tem maior capacidade de adaptação, enfrentamento e desenvoltura para os desafios que encontrará ao longo da vida. Disse ainda que políticas públicas podem tentar compensar a ausência de um lar propício para o desenvolvimento das crianças, mas essa compensação é insuficiente. Amor fraternal, carinho de familiares e sentimento de acolhimento são difíceis de serem compensados.
Ligando a informação da OCDE com o estudo de Heckman, podemos supor que a Covid-19 irá piorar esse quadro, dado que a pandemia tem atingido mais gravemente populações vulneráveis, aquelas destituídas de serviços essenciais. No Brasil, são as famílias de trabalhadores informais que estão experimentando consequências mais dolorosas, confirmando o alerta da OCDE.
PARA APROFUNDAR:
Texto sobre a entrevista de Heckman está aqui.
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