quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Ambiente macroeconômico estável depende de preços, contas públicas e crescimento equilibrados

Ajuste fino do quadro econômico depende de correta identificação de suas falhas

equilíbrio econômico


É comum o uso da expressão "ambiente macroeconômico estável" para designar uma economia com suas contas ajustadas e equilibradas, crescimento econômico sustentável e preços condizentes com os seus respectivos fundamentos.

Dessa forma, esse tipo de ambiente pode ser resumido em 3 pontos:

i) contas equilibradas;

ii) preços estáveis;

iii) crescimento econômico sustentável;

Sobre o ponto i), ele é concernente às contas internas e externas do governo. Conta interna é o resultado fiscal (nominal), a diferença entre receita e despesa. No caso da receita, é o total coletado de impostos. No lado da despesa, os diversos gastos que o governo realiza, como gasto com funcionalismo público, educação, pagamento de juros, saúde etc. Por contas externas, é o balanço de pagamentos, item que registra transações comerciais e entrada/saída de capital com o restante do mundo. Quando o saldo do balanço de pagamentos é negativo, temos perda de reservas internacionais. No longo prazo, esse tipo de situação é insustentável, pois deixaria o país sem moedas internacionais para realizar operações - drama vivido contemporaneamente pela Argentina e pela Venezuela. 

O item ii) não denota apenas a taxa de inflação, como também outros importantes preços da economia, como a taxa de câmbio e a taxa de juros. Quando a taxa de câmbio se desvaloriza continuamente e/ou a taxa de juros se eleva abruptamente, há indicação de desajustes na economia. Atualmente a economia brasileira apresenta taxa de câmbio muito desvalorizada e pressão ascendente sobre a taxa de juros de longo prazo, sinais inequívocos de piora do quadro macroeconômico. 

O último item mostra que economias ajustadas e com preços estáveis tendem a apresentar crescimento econômico sustentável, isto é, aquele crescimento que não se caracteriza por ser de curtíssimo prazo, no qual os seus efeitos positivos sobre a economia seriam dissipados, sobrando apenas consequências negativas. De forma contrária, o termo sustentável denota um crescimento que se prolongará no longo prazo, pois ele ocorre em uma economia com bons fundamentos. Esse crescimento não precisa ser expressivo, como as experiências chinesa e indiana. Sua continuidade, com a produção se expandindo a taxas superiores ao crescimento populacional, já fomentaria prosperidade para a população. 

Dito isso, como está o Brasil nesse conjunto de itens? Nada bem. Temos deficit nas contas externas e internas, com destaque negativo para as contas fiscais, em estado de calamidade. A taxa de inflação está em patamar baixo, mas a taxa de câmbio está significativamente desvalorizada e a taxa de juros de longo prazo está se elevando, o que pode puxar para cima a taxa de juros de curto prazo, a Selic - Banco Central pode se ver sem opção para tentar conter o agravamento do quadro econômico. Por fim, nosso crescimento tem sido ínfimo nos últimos anos. Por conseguinte, esse breve diagnóstico mostra a necessidade de reformas para criarmos um ambiente macroeconômico mais estável e equilibrado. 








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