sexta-feira, 15 de maio de 2020

Covid-19 é novo golpe sofrido pela globalização

Além da crise financeira de 2007 e da guerra comercial, Covid-19 contribui para reduzir a integração mundial

globalização integração


A matéria principal da nova edição da revista The Economist foi um alerta sobre o possível recuo da globalização. Segundo a revista, o processo de globalização já vinha fraco devido à dois fortes golpes que tinha levado no passado. O primeiro foi a crise financeira de 2007/2008 nos Estados Unidos da América (EUA), na qual os efeitos se espalharam para a Europa. O segundo grande golpe foi a eclosão da "guerra comercial" entre os EUA e a China. A atual pandemia seria o terceiro golpe.

Sobre esses eventos, concordo que enfraqueceram a globalização. A revista poderia ter citado outros, como a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e a eleição de líderes populistas e nacionalistas, os quais se colocam contra a globalização e defendem medidas protecionistas, como é o caso de Donald Trump.

A globalização, no sentido econômico, pode ser entendida pelo fluxo crescente de produtos, de capital e de pessoas entre países. É a redução da importância das fronteiras nacionais, em proeminência à circulação desses elementos. Veja no gráfico abaixo, o qual retrata a soma das exportações e importações de bens e serviços em proporção com o PIB (abertura comercial), que desde 1960 ela ganhou fôlego (aqui eu analiso apenas a dimensão do fluxo de mercadorias) - partiu de 28% em 1960 e encerrou a série em 60% em 2018.

globalização banco mundial

Coloquei o Brasil no gráfico para contrastarmos a globalização internacional com a inserção da economia brasileira. Pouco avançamos, o país apresenta 30% de abertura comercial, quando há países com mais de 100% de participação de exportações e importações no PIB - alguns deles são: Áustria, Croácia, Polônia, Suíça, Sérvia, Singapura, Tailândia, Tunísia, entre outros. Foi justamente esse fato que impulsionou a crítica de Paulo Guedes sobre a baixa abertura comercial do Brasil (texto aqui).

Nos últimos dias, o prognóstico da The Economist parece se desenhar. Os EUA, o Japão e alguns países da Europa têm tomado medidas para reduzir sua dependência e exposição comercial com a China. Também há o pensamento de trazer as cadeias de oferta de insumos para a produção nacional para dentro do próprio território. Nesse ponto, tomo partido com o pessoal da The Economist: as cadeias globais de produção são uma forma de diversificar o risco da produção, utilizando peças produzidas por diferentes países. Além do provável aumento do custo de produção, esse movimento tende a reduzir a globalização.  

Fonte do gráfico: Banco mundial


Fonte da reportagem: The Economist











Nenhum comentário:

Postar um comentário