Maior componente da demanda agregada pode atrasar a recuperação econômica
O FMI mostrou preocupação com o colapso do consumo doméstico das economias durante a pandemia. Segundo a economista-chefe da instituição, Gita Gopinath, pode ser que o consumo não se recupere mesmo após as medidas de flexibilização do isolamento social.
Economistas e analistas já vinham alertando que os hábitos de consumo seriam modificados de forma significativa. Veríamos uma inflexão para um padrão de consumo mais conservador (o fundador da Microsoft, Bill Gates, falou isso aqui). A contrapartida é o aumento da poupança. E em um cenário de incerteza e dúvidas quanto ao futuro, a tendência é de postergar a realização de investimentos de longo prazo. Posto de outra forma, a recuperação do crescimento econômico pode demorar mais tempo para ocorrer.
O gráfico abaixo retrata o consumo privado em proporção ao PIB. A proporção desse consumo para a economia mundial oscila em torno do valor de 60%. Em comparação, a economia brasileira apresentou 70% de consumo privado nas décadas de 1970 e 1980, mas o reduziu para 65% nos últimos anos.
É possível que testemunharemos a queda do consumo privado/PIB nos próximos anos, o que afetará a recuperação econômica. Sobre o Brasil, e puxando para uma análise um pouco histórica, um dos responsáveis pelo nosso baixo crescimento econômico dos últimos anos é a ênfase no consumo privado e público em detrimento do investimento produtivo. Esse gráfico evidencia esse padrão. A ampliação do consumo representa o estreitamento do investimento.
Fonte: Folha de S. Paulo
Fonte do gráfico: Banco mundial
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