terça-feira, 19 de maio de 2020

Ex-presidente Collor se diz arrependido por ter confiscado a poupança

Collor aprendeu da pior maneira a não interferir na propriedade privada dos cidadãos 

presidente do brasil


Em uma semana com notícias preocupantes relativas às possíveis quebras de contrato formuladas por nossos políticos no Congresso (texto aqui), o ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, reconheceu o grande equívoco que cometeu em 1990, quando foi eleito presidente. 

Ao assumir a presidência, Collor anunciou o bloqueio da poupança privada de todos os brasileiros e o congelamento de preços e salários. Tudo por causa do objetivo de reduzir a inflação. Não funcionou.

O primeiro grande erro foi intervir na propriedade privada da população (nossa poupança). Os principais teóricos de Estado de direito sempre afirmaram a importância do governo zelar pela propriedade. Fazia parte do contrato social. O Estado defende e garante a propriedade de todos. A população, em troca, se submeteria ao governo - ao longo dos anos essa teoria foi melhorada, retirando o poder despótico do Estado e implantando o poder limitado, a democracia. 

O segundo ponto falho de Collor foi congelar preços e salários. Economistas aprendem que essa não é a melhor medida, pelo contrário. Ao interferir no mecanismo de formação de preços, o governo prejudica o equilíbrio do mercado. Os preços são os resultados da interação de milhões de agentes, e estes pautam suas decisões utilizando a principal âncora da economia, o próprio preço. Congelando-os, Collor eliminou essa âncora. Mesmo erro cometido pelo Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987), Plano Verão (1989), e mais recentemente por Dilma Rousseff (2011-2015). Atualmente, há projetos no Congresso defendendo o congelamento da taxa de juros (falei disso aqui). 

Isso me lembra a famosa frase de Ivan Lessa: “A cada 15 anos, o Brasil esquece tudo o que aconteceu nos últimos quinze anos”. O fatídico Plano Collor esqueceu que congelamento não funcionava.

Em defesa de Collor, pode ser dito que o debate era muito fraco. Muitos economistas diziam que o principal motivo da inflação não era o crescente gasto público (déficits orçamentários) e a subsequente expansão da moeda para financiá-lo. Logo, abriam-se diferentes avenidas para tentar combater a inflação. Todas equivocadas, como bem mostrou o sucesso do Plano Real em 1994 ao debelar de vez a hiperinflação. 

Fonte: Globo


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