domingo, 17 de maio de 2020

Instituições multilaterais corrigem falhas de mercado

Conferência de Bretton Woods ajudou a moldar a economia mundial

ONU


O século passado testemunhou episódios lamentáveis para a humanidade. Temos na conta duas guerras mundiais e a Grande Depressão de 1929 - esta auxiliou o surgimento de nacionalistas e populistas, como Adolf Hitler. 

Governantes e economistas foram sábios ao reconhecerem, no final da Segunda Guerra Mundial, o fato de que a prosperidade de todas as nações era um objetivo que beneficiaria todo o planeta, pois reduziria polarizações. Indivíduos com emprego, renda e perspectiva de um futuro melhor se inclinam menos para promessas irrealistas e utópicas, característica de populistas.   

Assim sendo, em 1944 foram criadas 3 instituições para mitigar os riscos de polarizações civis: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU). 

O FMI tem como missão auxiliar a estabilidade financeira das economias, principalmente o equilíbrio de suas contas externas (balanço de pagamentos). Quando determinada economia apresenta risco de insolvência, o FMI empresta recursos com a contrapartida de que o país seguirá determinadas políticas que ajudarão no ajuste fiscal. Relação de credor e devedor. O credor (FMI) impõe condições para emprestar o seu dinheiro.

O Banco Mundial foi uma forma de realizar o que economistas chamam de catching-up, isto é, economias pobres crescerem mais rápido do que as ricas para convergirem em valor de riqueza. Dessa forma, o Banco Mundial é um instrumento para o desenvolvimento de países em desenvolvimento, emprestando recursos com baixa taxa de juros para subsidiar investimentos em infraestrutura.

A ONU foi erguida para servir de árbitro em conflitos mundiais, conseguir reduzir o risco de atritos que pudessem degenerar em beligerância (lembre-se de que enquanto há um Estado de direito em cada país, em escala internacional esse aparato é mais obscuro). Também engloba funções para reduzir problemas sociais, como a fome e a pobreza.

Essas instituições não são perfeitas. A ONU, por exemplo, não conseguiu evitar a eclosão de conflitos armados no passado. O FMI negligenciou fatores intrínsecos da sociedade local, da cultura e da política ao formular os pacotes de ajuste fiscal para algumas nações. 

Mas sem essas instituições nossa situação seria muito pior. Apenas na atual pandemia, o FMI projeta emprestar o equivalente a 1 trilhão de dólares para 80 países como fundo para combater a Covid-19. Imagine o cenário oposto, sem o FMI. Como esses países levantariam esses fundos?

É bem provável que no futuro testemunhemos o surgimento de uma instituição internacional para regular e fiscalizar o fluxo de capitais, algo defendido pelo prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz (resenha aqui). Seria uma ferramenta para melhorar o funcionamento dos mercados financeiros, ao mesmo tempo permitindo maior fluxo de ativos. Conciliar mercado e sociedade nunca foi fácil. Mas essas instituições de nível multinacional auxiliam na tarefa. 

Veja no vídeo abaixo a ONU distribuindo respiradores, máscaras e demais utensílios e equipamentos para nações pobres. Sem essa intermediação, a situação seria muito pior. A ONU, nesse sentido, funciona como uma correção do mercado, pois o setor privado não abasteceria essas nações nesse exato momento.


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