Pacotes fiscais tentarão recuperar a produção perdida
Confirmando as previsões de forte recessão, o gráfico abaixo mostra que o PIB trimestral da Zona do Euro caiu 12,1%. Ainda nessa semana também tivemos a notícia de que o PIB norte-americano mergulhou em 32,9%, a maior queda de sua história - em que pesem as guerras mundiais (1914-18 e 1939-1945) e a gripe espanhola (1918), eventos trágicos pelos quais a nação atravessou.
Já sabendo dessas previsões, esses países estão tomando providências, como a elaboração do pacote de socorro do Euro, medida saudada por muitos como avanço na integração econômica do bloco. Não será surpresa se nas próximas semanas os EUA apresentarem outro pacote de reestruturação da economia.
Atualmente esses países financiam suas respectivas dívidas públicas com baixa taxa de juros. O mercado concede baixo risco de calote para essas economias - além do Euro e dos EUA, podemos colocar a economia japonesa nessa consideração. Concomitantemente, essas nações têm baixa taxa de inflação, ou seja, o rendimento real do título público costuma ser baixíssimo ou negativo (rendimento nominal menos a taxa de inflação).
Em outras palavras, a dívida pública/PIB não sofre forte elevação quando pacotes de alívio fiscal são realizados, pois os credores estão "pagando" para possuírem os títulos públicos - o rendimento real desses ativos é nulo ou negativo. Retrato diferente é o da economia brasileira, na qual a taxa de juros da dívida circula por volta do valor de 7%. Como nosso país tem uma inflação de 3,5%, ou perto disso, o rendimento real do título público é positivo e significativo. Nossa dívida pública/PIB pode se elevar consideravelmente nesse caso.
Escrevi essa breve digressão apenas para realçar o fato de os países avançados desfrutarem de espaço fiscal para realizarem políticas públicas, enquanto a economia brasileira está amarrada por conta de suas contas públicas desajustadas.
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