Modificações em andamento acarretarão em novo e desafiador cenário no longo prazo
Reportagem da revista The Economist mostrou que muito provavelmente sofreremos uma segunda onda de infecção da Covid-19. Isso decorre tanto pela elevada capacidade de disseminação do vírus quanto da falta de capacidade de países lidarem com a situação. Veja na figura abaixo o crescimento de novos casos de Covid-19. O Brasil se tornou o novo epicentro da crise, com inúmeros casos surgindo a cada dia - que tenhamos em mente o fato de nosso país apresentar enorme subnotificação de casos positivos.
O vírus nos impacta de diferentes formas. Na verdade, já alteramos alguns hábitos arraigados em nossas vidas, ainda que não tenhamos percebido. O economista comportamental Dan Ariely tinha previsto esse tipo de mudança (veja aqui). No campo econômico, vários países ficarão mais pobres, enfrentarão maiores dificuldades de financiar políticas públicas - logo, a pobreza mundial aumentará. O continente africano tem sofrido uma aguda queda do PIB per capita, como pode ser visto no próximo gráfico. A projeção é de que o PIB per capita recue para o nível que o continente apresentava em 2010: prejuízo de uma década.
Para muitas pessoas, o futuro não parece promissor. Em pesquisa realizada com jovens pela OCDE (gráfico abaixo), 54% afirmaram que o principal temor que têm é com saúde mental, seguido pelo temor de desemprego (50%) e renda disponível (42%). Todos esses 3 fatores fatores estão relacionados com a perda de padrão de vida. Soma-se a isso o receio de que avanços tecnológicos - os quais podem ser acelerados pela Covid-19 - podem aprofundar a perda de empregos, com a substituição de trabalhadores pelas máquinas, estas automatizadas e com inteligência artificial.
Sobre o vírus ainda, outra pesquisa da OCDE mostrou que 94% das mortes de Covid-19 estão concentradas nas pessoas com mais de 60 anos. Das incertezas que temos quanto ao vírus, temos essa certeza, o público de maior risco são os idosos. O gráfico abaixo mostra que 60% das mortes estão na faixa etária de 80 anos ou mais, 25% entre 70 e 79 anos e 9% entre 60 e 69 anos. Os 6% restantes das mortes estão no grupo de até 59 anos.
Há escritores e pensadores que afirmam que nossa sociedade não valoriza os idosos da forma apropriada. Não valorizamos a sabedoria que possuem. A dificuldade que alguns deles apresentam para entender as novas tecnologias e redes sociais piora ainda mais o quadro. Podemos generalizar essa afirmação? A maioria dos idosos se aposentou e precisa de recursos advindos dos trabalhadores ativos. Esse fato ajuda a explicar a perda de importância dos idosos na sociedade contemporânea? Valorizamos pessoas produtivas, que conseguem inovar, apresentar soluções para problemas. Os idosos, por definição, aposentados, não estão nesse grupo. Mais um motivo para o ostracismo? E agora com o Covid-19? Como ficará a situação deles?
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