quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Em julho, países desenvolvidos gastaram 23% do PIB em auxílio à população

Economias de renda média e baixa, por outro lado, não gastaram nem a metade dessa proporção

covid, financeiro



Em discussão política é comum determinados partidos enfatizarem o apoio às camadas mais pobres, tentando, seja explicitamente ou implicitamente, apontar que os outros partidos importam menos com a pobreza. O aprofundamento desse tipo de debate, caminhando juntamente com a pobreza de seus argumentos,  tende a conceder rótulos do tipo "defensor do povo", entre outros. É um flerte com o populismo. A figura abaixo, extraída da revista The Economist,  retrata a proporção do PIB gasta como auxílio para a população durante a pandemia.
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O apoio financeiro das economias ricas e desenvolvidas atingiu quase quatro vezes a proporção gasta pelos países de renda média (grupo no qual o Brasil pertence). As economias avançadas dispenderam direta ou indiretamente o valor de 23% do PIB em auxílio, enquanto o grupo dos emergentes deslocou 6% para essa finalidade. O terceiro grupo, o das economias pobres (países da América Central, da África e alguns da Ásia), teve valor de 3%.

Esse auxílio pode ser separado em duas partes. A primeira é a transferência direta de renda (azul escuro no gráfico), consubstanciada, no Brasil, pelo auxílio de 600 reais. A outra metade (azul claro) é o suporte financeiro (crédito) intermediado principalmente pelos bancos centrais. Esse segmento foi elaborado para prolongar a sobrevivência das pequenas e médias empresas.

Apelos de ajuda ao pobre ou políticas para mirar o pobre costumam ser mais exaltados em países pobres. Entretanto, o gráfico mostra que o apoio financeiro foi maior justamente nas nações mais ricas, menos suscetíveis a esse tipo de discurso. Contradição?

De forma alguma. A redução da pobreza e a promoção de uma sociedade mais igualitária passam por uma adequada administração dos recursos públicos e da economia. Em uma palavra, maior responsabilidade econômica, com equilíbrio nas contas internas e externas. Em decorrência de uma melhor administração dos recursos públicos, por definição escassos, esses países apresentam maior espaço para auxílio financeiro.


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