quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Crise pode jogar 15 milhões de brasileiros para classes de renda D e E

Qualificação profissional e reserva financeira podem amenizar  piora dos rendimentos

qualificação humanos


O gráfico abaixo mostra uma das consequências da atual crise econômica conjugada com a pandemia. Há previsão de que aproximadamente 15 milhões de brasileiros (3,8 milhões de domicílios) passarão a pertencer às classes D e E de renda, ou seja, formarão domicílios com renda máxima de 2.500 reais por mês. Veja que o gráfico diferencia o impacto com a Covid e sem a Covid. A piora ocorreria independentemente do vírus, mas a pandemia agravou o quadro. 

pobreza crise

Como tenho explicado em outros textos (aqui e aqui), crises econômicas prejudicam de forma aguda os mais vulneráveis, os pobres e os extremamente pobres. Os mais afortunados conseguem lidar com adversidades porque contam com recursos para absorver conjunturas recessivas. Esses recursos podem ser tangíveis ou intangíveis.

No caso dos tangíveis, podem ser poupança de emergência, alguma forma de patrimônio (carro ou bens duráveis de baixo valor) e rede social de amigos e família. Caso percam o emprego ou sofram uma queda dos salários, podem desfazer desses recursos. Em última análise, contam com o apoio de pessoas próximas, as quais tendem a ter também uma situação financeira um pouco folgada.

O recurso intangível mais significativo é a escolaridade, treinamento técnico, chamado no campo econômico de capital humano. A qualificação dos trabalhadores costuma acompanhar o nível financeiro. Dessa forma, o grupos dos afortunados tem maior facilidade de ocupar outros empregos, ainda que com remuneração inferior. Observe a figura abaixo da OCDE, na qual afirma-se que de cada 5 trabalhadores, apenas 2 foram capazes de trabalhar de forma remota, sendo estes detentores de maiores níveis de educação (também com melhores salários). 


Por isso é importante manter o ambiente macroeconômico estável, com contas ajustadas, pois quando crises surgem, são os habitantes mais vulneráveis os que carregam o maior fardo. Lembrando que a economia brasileira se encontrava desajustada, com grave crise fiscal antes da eclosão da pandemia. A pandemia foi um golpe adicional, como pode ser visto no primeiro gráfico.










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