sexta-feira, 28 de agosto de 2020

FMI projeta cenário com aumento de 6% da taxa de pobreza

Previsão é indício de empobrecimento da economia mundial

pobreza pobres


O Fundo Monetário Internacional (FMI) realizou projeções relacionando o impacto da crise da Covid sobre o número de pessoas no nível de pobreza. Por pobreza, entende-se os indivíduos que têm rendimentos de no máximo 3,20 dólares por dia. Considerando a taxa de câmbio entre o dólar e o real, e multiplicando por 30 (para termos uma noção da renda mensal), tem-se um valor de 537 reais. Portanto, todas as pessoas com rendimento mensal inferior a esse total estão no grupo dos pobres (metodologia do Banco Mundial). 

Veja no gráfico que em 2010 tinha-se uma proporção de 38% da população mundial nesse nível. Dessa data, até 2019, houve avanços significativos, com a taxa de pobreza caindo para 32% do total de habitantes. Entretanto, de acordo com as previsões de queda do crescimento, esse avanço sofrerá uma reversão. Caso a contração seja de 5% do PIB, a taxa de pobreza subirá para 34,3%. No cenário de maior impacto recessivo, a taxa subiria para 38,7%, nível um pouco superior ao de 2010. Quase uma década de avanço sendo perdida. A correlação entre crescimento e pobreza não é desprezível. 

pobreza

Sobre esse último ponto, é ilustrativo a observação do economista Jeffrey Sachs, de que na China, no ano de 1981, a taxa de extrema pobreza era de 64%, ou seja, mais da metade dos chineses viviam com menos de 1,9 dólares por dia (não confunda com a taxa de pobreza, a qual é de 3,2 dólares por dia). Mas o fortíssimo crescimento reverteu essa taxa, caindo para 17% em 2001 - queda de quase 75% do valor inicial, algo surpreendente. Outra observação, a qual passa despercebida nos debates, é que o governo chinês, com todos os seus problemas e obscuridades, dispende parte da receita pública para fornecer e melhorar o serviço de saúde, fazendo com que a extrema pobreza seja aliviada - ainda segundo Sachs, esse foi um dos fatores que permitiram o fortíssimo crescimento chinês desde o ano de 1978, sendo uma grata herança do antigo governador e ditador Mao Tsé-Tung (o qual também deixou várias heranças ingratas e impalatáveis)

E o Brasil? Busquei dados no Banco Mundial, e a taxa de pobreza (brasileiros que vivem com no máximo 3,2 dólares por dia ou 537 reais mensais) em 2019 foi de 9,2%, valor próximo ao da América Latina, que foi de 10,4%. Note que ambas as taxas são inferiores à média mundial, que é de 32% (continente africano e o sul da Ásia jogam a média para cima). Infelizmente, porém, a tendência é de que todos esses valores piorem nos próximos anos.













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