domingo, 16 de agosto de 2020

Queda da Selic para 2% exige realocações de ativos

Menor rentabilidade pode ser compensada por ativos com maiores riscos

empréstimos


Após a última queda da taxa de juros Selic, o Banco Central comentou sobre o risco de novas quedas dessa taxa poderem desestruturar alguns segmentos da economia. Esse alerta deve ser visto não somente da queda da Selic de 2,25% para 2% ao ano, mas de sua queda de quase 6% em agosto de 2019 para 2% no atual mês (gráfico do Banco Central abaixo). Foi uma queda de mais de 50% de seu valor, com reflexos significativos sobre a rentabilidade de ativos atrelados a ela.
banco central

Instituições financeiras com grande parte de ativos indexados à Selic, como títulos públicos, provavelmente estão migrando para outras aplicações para compensar a queda de rentabilidade. O mesmo pode ser dito para empresas não-financeiras, as quais, por definição, têm como principal fonte de receita fontes produtivas, todavia, costumam investir, em menor escala, em ativos financeiros, para diversificar as fontes de receitas.

Em todos esses casos, há um período de ajustamento ao novo cenário. É justamente nesse ponto que o Banco Central mostrou preocupação. A Selic decresceu rapidamente, exigindo maior celeridade para os demais agentes. O resultado provável será a migração para formas de ativos mais arriscadas, porém com maiores potenciais de rentabilidade. No caso do setor bancário brasileiro, sonhamos com um setor com maior intermediação de crédito entre poupadores e investidores, com baixa taxa de juros envolvida - a queda da Selic é um pequeno empurrãozinho nessa direção, mas longe de ser o principal fator explicativo.

Em geral é aconselhável conceder tempo aos envolvidos para se ajustarem às novas condições. Transições suaves permitem a realocação de ativos e a redução de perdas. Se um dia nossa economia resolver realizar a sonhada abertura comercial, por exemplo reduzindo impostos sobre as importações, tal movimento deveria ser gradual, com quedas paulatinas da taxa tributária. Seria prudente conceder prazo para as empresas acostumadas com baixa competição se atualizarem, otimizarem processos de produção e se prepararem para a enxurrada de mercadorias estrangeiras que chegariam para disputar o mercado. Nesse caso a direção é mais importante do que a velocidade.









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