sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Mercado de trabalho piora com aumento do desemprego e dificuldade de encontrar ocupação

Pressão sobre gasto público para minimizar deterioração do mercado de trabalho pode se elevar

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Os dados revelados pelo IBGE mostram deterioração do desemprego no Brasil. Como pode ser visto no gráfico abaixo, o contingente de brasileiros sem emprego formal vem crescendo rapidamente. 

globo

Outro dado relevante do IBGE é o de que há 28 milhões de brasileiros desejosos de trabalhar, mas que não o conseguem em virtude tanto da pandemia quanto pela falta de postos disponíveis. Efeitos da fortíssima crise econômica pela qual o país atravessa, agravada por uma pandemia que obriga o afastamento social e, consequentemente, o fechamento temporário de atividades comerciais. 

Essa piora no mercado de trabalho fornece justificativa para a implementação de políticas para melhorar a situação dos indivíduos. E assim surge o perigo do voluntarismo econômico. Uma coisa é proteger o emprego, outra, muito distinta, é proteger o indivíduo

Quando protege-se o emprego, o governo está prolongando a sobrevivência de empresas que, caso contrário, encerrariam suas atividades. Pense no exemplo hipotético do governo tentar proteger os empregos das antigas locadoras de filmes para vídeos cassetes. Com a chegada do DVD, e depois a ascensão avassaladora dos serviços de streaming, com destaque para a Netflix, tornaria tarefa infrutífera, improdutiva e praticamente impossível proteger esses empregos. Por outro lado, o governo poderia aliviar (suavizar) a transição de emprego, fornecendo auxílios para esses desempregados até encontrarem nova ocupação. Ao mesmo tempo, o governo possibilitaria a existência de um mercado mais dinâmico, conduzido pelas mais recentes inovações tecnológicas (de vídeo-cassete para DVDs e desses para streaming) e protegeria sua população.

Acontece que a pandemia é evento extraordinário, não tendo sido previsto e, portanto, não incorporado pelas empresas em seus planejamentos. Por isso créditos financeiros a baixo custo foram liberados pelo Banco Central. 

Na atual circunstância, um mix de auxílio financeiro, crédito barato e medidas de segurança parecem ser o melhor caminho para se seguir. A dificuldade são as restrições financeiras pelas quais o governo atravessa, bem como à característica do Brasil de possuir vários lares de tamanho pequeno concentrando grande número de pessoas - melhor figura desse ponto são as comunidades (favelas). Esse último traço mostra uma grande diferença entre o nosso país com as nações ricas e desenvolvidas. A política do confinamento ignorou esse quadro - soma-se a isso os milhões de brasileiros "invisíveis", incapazes de receber auxílio financeiro. 

Ainda sobre as comunidades, suspeito que mesmo se tivéssemos perfeita mensagem entre nossos políticos sobre como se preparar para a chegada da Covid-19, dada a pobreza e a fragilidade financeira de 100 milhões de brasileiros, o resultado não seria tão diferente em relação ao qual vivemos. 


Obs: Livro de Jean Tirole, Nobel de economia, explica a política de proteger a pessoa, e não o emprego (aqui)











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