quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Regimes autoritários têm prazo de validade?

Autoritarismo russo e bielorrusso enfrenta críticas da comunidade internacional

protesto


A matéria de capa da nova edição da revista The Economist discutiu os regimes autoritários de Vladimir Putin (Rússia) e o de Lukashenko (Belarus/Bielorrússia). Ambos passam por uma semana agitada. O primeiro, por supostamente ter envenenado o principal opositor ao seu governo. O segundo enfrenta maciças manifestações após o resultado da eleição presidencial, na qual sagrou-se vitorioso (de novo), estando no poder há 26 anos - oposição e população argumentam que a eleição foi fraudada.  

O gráfico abaixo mostra as tentativas de golpe de Estado desde 1946 até os dias de hoje. Em azul escuro, os golpes malsucedidos. Em azul mais claro, os bem sucedidos, como o do governo de Pinochet no Chile em 1973. Observe que o auge dos golpes foi entre os anos de 1960 a 1980, e que após esses anos a tendência foi de queda. Em 2019, não há registro de tentativa de golpe, enquanto no atual ano o movimento também se mostra baixíssimo. Por fim, parece que a probabilidade de sucesso do golpe gira por volta de 50%, ou menos, pois a taxa de sucesso decresce a partir da década de 1990.
the economist ditadura

Voltando à matéria da revista, a reportagem questiona a sobrevivência desses regimes (de Putin e de Lukashenko). Com crescente oposição, retaliações internacionais e uso de violência para abafar manifestações nacionais pacíficas, não parece que podem durar por muitos mais anos. Pode ser que algumas mudanças estejam a caminho.

Por outro lado, contextualizando com o gráfico anterior, não parece, todavia, que a redução de tentativas de golpes de Estado esteja associada com maior defesa e apelo para regimes democráticos. Muito pelo contrário. Regimes democráticos têm sido alvos de críticas por não conseguirem entregar melhores resultados para a massa da população. Argumenta-se que o 1% concentra ganhos, ao passo que o restante do país carrega o fardo. Movimentos como o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), a vitória de Trump nos Estados Unidos - com a bandeira de combater as mercadorias chinesas, logo, combatendo parcialmente o processo da globalização - e outros protestos locais  (como os que ocorrem aqui no Brasil, pleiteando por um regime mais centralizado) não apontam para um regime democrático liberal, marca registrada das sociedades ocidentais. Esperemos os próximos meses.








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