Cobertor pode se mostrar curto quando se tornar mais necessário
O possível cenário - com boas probabilidade de se materializar - de uma nova segunda onda de contaminação da Covid-19 e os seus efeitos sobre a dívida pública foram projetados pela OCDE, na figura abaixo. A parte azul mostra o aumento da dívida pública/PIB devido à primeira onda (a que estamos vivenciando). A parte vermelha é o efeito adicional previsto caso ocorra novas contaminações de forma sistêmica. Na média, a dívida pública/PIB dos países da OCDE se elevou em 18% por causa da pandemia. O impacto de uma nova onda jogaria esse valor para 27%.
Novas contaminações exigiriam novas medidas fiscais e creditícias para amenizar a vida da população. Possíveis lockdowns (confinamentos) poderiam ser repensados, bem como o fechamento temporário de alguns setores da economia. Para proteger a população, os governos não teriam muita escolha, além de expandir os gastos. A consequência seria o aumento da dívida pública.
É uma das incógnitas que permanecem. A dívida pública/PIB mundial se elevou significativamente com a Covid-19, e o gerenciamento dela exigirá medidas domésticas para conter uma trajetória explosiva - o Brasil já iniciou essa tarefa, com a reforma tributária e discussões para frear o gasto público. Se tais esforços servirão para estabilizar o crescimento da dívida já é outra história.
Parece também que o fardo maior cairá sobre os países pobres e emergentes. Japão, Estados Unidos e as economias da Zona do Euro conseguem financiar suas dívidas com baixa taxa de juros. Mas esse não é o caso da grande maioria dos países. O cobertor fiscal pode se tornar mais curto ainda no longo prazo, quando a reativação das economias exigiria maior participação dos Estados para incentivar a demanda agregada.
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